Plataforma: Macaé

Tâmara Costa Fernandes Marra
Bacharelanda em Comunicação Social
Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora

Resumo

Com este artigo pretendemos analisar toda a história da cidade de Macaé desde o seu surgimento até os dias de hoje, e os efeitos que a vinda da Petrobras trouxe para a cidade, tanto nos aspectos positivos, quanto nos negativos.

Palavras-chave: globalização, Macaé, Petrobras

 

Abstract

With this article we intend to analize the whole history of Macae City since its discovering until nowadays, and the effects that the instalation of Petrobras brought to the city in good aspects, as well as in the negative ones.

Key words: globalization, Macaé, Petrobras

 

Conhecida como "A Princesinha do Atlântico", a cidade de Macaé está localizada no litoral norte-fluminense e atualmente possui a maior população flutuante do país. É perfeitamente natural o desenvolvimento de uma cidade com o passar dos anos, porém no caso da cidade de Macaé, esse desenvolvimento têm sido surpreendente. Essa aceleração, digamos assim, evolucionária ocorreu principalmente a partir de 1978, com a instalação da Petrobras na cidade. Para que possamos compreender melhor todo esse processo de evolução, vamos analisar toda a história de Macaé, desde a sua descoberta.  

Na época das Capitanias Hereditárias, a região onde hoje está localizada a cidade de Macaé foi entregue, em 1534, a Pero Góes, como parte da nomeada Capitania de São Tomé. Sem o menor interesse pelas terras, Pero Góes não as ocupou. Ao ver que a região corria o risco de ser invadida pelos ingleses, Felipe II, rei de Portugal, deu ordens para estabelecer cerca de duzentos índios numa aldeia sobre o rio Macaé, bem em frente às perigosas Ilhas de Sant’Ana. A princípio pensou-se em trazer os índios carijós de São Paulo, mas resolveram usar na aldeia índios goitacazes, que já ocupavam as atuais terras de Campos. Ainda hoje há quem diga que não foram os goitacazes, e sim os tamoios de Cabo Frio. E foram os índios que habitaram essa terra que deram a ela o nome de Macaé. Seu significado é "coquinho da macaba".

Não se sabe ao certo a data do nascimento de Macaé, pois não ficou qualquer registro autêntico a seu respeito. O que se sabe é que foi por volta do ano de 1615. Como há dúvidas sobre a data exata, o aniversário de Macaé é comemorado no dia 29 de julho, dia de sua emancipação.

Em 1629, um grupo de militares conhecido como "Os Sete Capitães", obtiveram a posse judicial da sesmaria, terra onde Macaé era localizada. Foram estes capitães que deixaram registradas as iniciais impressões sobre Macaé.

 

"Com efeito não achamos gente de maior consideração, choupanas cobertas de palhas se compunha o seu arraial, seus habitadores eram mamelucos, porém muito casteados e agradáveis. Esta gente se ocupava na pesca, onde achamos muitos bagres, que deles fizemos mantimentos de refresco." 

 

Tempo depois que os capitães perderam as terras, em 1630, os padres jesuítas as requereram. Com os jesuítas, que se instalaram na Aroeira, Macaé obteve um grande crescimento. Igrejas, plantações, pastos, currais, pequenas fábricas de farinha, engenhos de açúcar e muitas outras coisas foram surgindo. E a partir daí, a propriedade passou a ser chamada de Fazenda de Macaé.

Finalmente Macaé estava crescendo quando, infelizmente, em 1759, o todo poderoso ministro Marquês de Pombal resolveu perseguir os jesuítas, expulsando-os do Brasil, tendo assim todos os bens passados de volta à Coroa Portuguesa.

Sem ninguém para cuidar das terras, foi feito um leilão da pequena fazenda. Quem pagou mais foi Gonçalo Marques de Oliveira que, tempos depois, por problemas financeiros, acabou vendendo a metade da chamada Fazenda de Macaé ao capitão Bento José Ferreira Rabelo, que veio a falecer logo depois. Sua parte foi passada à sua família, enquanto que Gonçalo, sem seu sócio, teve problemas financeiros e viu-se obrigado a vender sua parte. E em 1805 a velha fazenda foi dividida em duas partes. Quem comprara a parte de Gonçalo fora um advogado do Rio de Janeiro chamado Nunes Pereira.

Em 1813 a fazenda foi finalmente emancipada. A resposta ao ofício-requerimento assinado por Dom João dizia:

 

"Hei por bem erigir em vila a referida povoação com o nome de Vila de São João de Macaé."

 

Em 1837, Henrique Luiz de Niemeyer Bellegarde, engenheiro, elaborou a planta para a urbanização da nova vila. E a vila foi então crescendo aos poucos e, no dia 15 de abril de 1846, em função da lei provincial 364, passou a ser a Cidade de Macaé. Apesar do título, Macaé ainda era carente de escolas, etc.

Há uma estória intrigante que gira em torno da cidade de Macaé. Em 1852, um lavrador e toda a sua família foram barbaramente assassinados. Motta Coqueiro, apontado como o culpado pelo crime, foi julgado e legalmente enforcado em praça pública. Motta Coqueiro dizia-se inocente e, antes de morrer, lançou uma terrível maldição sobre a cidade de Macaé: " – Macaé, durante cem anos não terás progresso."  Isto ocorreu no ano de 1855, sendo este o último enforcamento do Brasil. Muitos acreditam que sua maldição realmente funcionou, pois foi um pouco mais de cem anos depois do ocorrido que a cidade começou a crescer espantosamente, com a vinda da Petrobras para a cidade.

Em 1974, descobriram o campo produtor de Garoupa. Pelo fato de estar situado na Bacia de Campos, foram os campistas que comemoraram tal descoberta. Mas à medida em que novos poços foram aparecendo encaminhando-se para o sul, ou seja, para o lado de Macaé, o que fez com que alguns macaenses solicitassem a mudança do nome da bacia por Bacia de Macaé. Porém o pedido não teve êxito.

Tudo teve que ser decidido quando os poços descobertos chegaram ao nível da necessidade de sua exploração comercial. Na época, o apoio às plataformas em alto mar era feito em Vitória. Uma vez que Vitória ficava muito distante e Campos não possuía condições para dar esse suporte pois não disponibilizava de um porto, técnicos da empresa chegaram a Macaé para analisar as condições de instalação da Petrobras. E, como todos sabem, foi aqui que decidiram implantar a nova empresa. O ancoradouro de Imbetiba que estava desativado foi aproveitado, sendo ampliado. Outro fator de grande ajuda foi a desocupação da imensa área onde as oficinas do Departamento de Engenharia de Leopoldina costumavam funcionar, dando espaço para a construção dos variados prédios da nova sede da Petrobras.

Muitos não acreditaram na novidade e, apesar de ser um grande passo para Macaé, a cidade não estava preparada para tudo isso (e creio que até hoje não está), de acordo com as circunstâncias. A Petrobras não estava vindo sozinha. Para sua instalação, era também necessária a vinda de inúmeras outras firmas particulares para as obras e para o fornecimento de muitas outras coisas, desde o cimento até alimentação.

Como qualquer outra cidade que tem novas firmas, Macaé começou a receber inúmeras pessoas, tanto aquelas que estavam à procura de empregos, como também aquelas que vinham  a trabalho pelas próprias firmas. Isso ocorre até hoje. Gente de outros estados e principalmente de outros países.

Para que pudesse suprir toda essa demanda mercadológica, Macaé teve a necessidade de crescer rapidamente.  O campinho de aviação teve que ser melhorado para atender ao intenso tráfego aéreo dos helicópteros, que levam e trazem gente na rota Macaé – Plataformas. Com isso, o campinho virou um pequeno aeroporto e, como essa demanda não parou por aí. Hoje esse antigo campinho está se tornando um grande aeroporto internacional. Inacreditável!

Se formos avaliar bem os fatos, chegaremos à conclusão de que tivemos tanto bons aspectos, quanto ruins. Entre todas essas mudanças, a pior foi a situação pela qual o homem da terra, ou seja, o homem comum teve que submeter-se. Houve um pavoroso aumento nos aluguéis das casas. Residências passaram a valer ouro e o pior é que continuam subindo de preço cada vez mais, pois os forasteiros aceitam o que os proprietários pedem. Então, a tendência é essa. E quem tem realmente o amor pela terra, os filhos da terra, se vêem obrigados a abandonar seu próprio local de origem devido ao absurdo custo de vida.

Além de tudo isso, toda aquela paz foi perdida. O trânsito virou um caos com essa invasão dos veículos motorizados. Para que a cidade pudesse acompanhar esse ritmo, as sossegadas ruas foram transformadas em poluídas pistas e em parques de estacionamento. São construções para todos os lados, e ainda assim, o ritmo disso tudo ainda está muito acelerado.

Apesar dos males que vieram com toda essa globalização, não podemos dizer que a Petrobras não nos trouxe vantagens. A empresa investe cada vez mais na qualidade de vida dos cidadãos. Há vários projetos sendo realizados durante todo o ano. São estes projetos ambientais, sociais e culturais. Várias campanhas são feitas anualmente, como a campanha contra o trabalho infantil, do ano de 2002, projetos ambientais como o Ecolagoas, desde 1992, o qual produz conhecimento científico  e fornece dados sobre as condições naturais da região e dos ecossistemas envolvidos, e o projeto Tamar, desde 1992 na região, que tem como objetivo afastar o risco de extinção das tartarugas marinhas. Além de ter projetos educativos como o Reciclar, um Programa de Coleta Seletiva, preservações de recifes e lagoas, a Petrobras tem também programas para crianças, o que proporciona uma verdadeira transformação na vida das mesmas através da educação e do fortalecimento da auto-estima.

Enfim, são inúmeros projetos que provam que a Petrobras não apenas tira proveito da cidade, como também contribui para sua evolução. Macaé é uma cidade que ainda está em processo de crescimento e os problemas que têm enfrentado são apenas conseqüências dessa assustadora e ao mesmo tempo deslumbrante globalização.

 

Referências Bibliográficas

PARADA, Antônio Alvarez. Meu nome crianças, é Macaé. 1ª Ed. Macaé, 1982.