Os Dois Lados na Nova Macaé

Keisy Bossan Moraes
Bacharelanda em Comunicação Social
Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora

Resumo

Com este artigo pretendo analisar o desenvolvimento da cidade de Macaé causado pela exploração do petróleo na região a partir da década de 70, mostrando as conseqüências positivas e negativas causadas pelo crescimento da cidade.

Palavras-chave: Desenvolvimento, Petróleo, Riquezas naturais.

 

ABSTRACT

With this article I intend to analyze the development of the city of Macaé caused by the exploration of the petroleum in the area starting from the decade of 70, showing the positive and negative consequences caused by the growth of the city.

Key words: Development, Petroleum, Wealth.

 

O filho de Araribóia, Amador Bueno, chefiou o povoado que corresponde hoje à cidade de Macaé. O outro núcleo primitivo se estabeleceu na Freguesia de Neves, onde o missionário Antonio Vaz Ferreira conseguiu catequizar os índios que campeavam às margens dos rios Macaé, Macabu e São Pedro. A colonização oficial feita pelos jesuítas só teve início em fins de 1630, quando eles começaram a erguer a Capela de Santana, um engenho e um colégio num lugar posteriormente conhecido como a Fazenda dos Jesuítas de Macaé. Macaé torna-se vila em 29 de julho de 1813 e município em 25 de janeiro de 1814. Passagem terrestre obrigatória entre o Rio de Janeiro e Campos, Macaé foi sede do registro criado pelos viscondes de Asseca, com a função de cobrar impostos e fiscalizar tudo o que saía da Paraíba do Sul, mantendo o território sob ferrenha opressão. Em 15 de abril de 1846, a lei provincial nº 364 eleva a Vila São João de Macaé à categoria de cidade.

Macaé é um município privilegiado, pois reúne serra e mar em uma cidade. Na região serrana é possível encontrar áreas ecológicas bem preservadas como o distrito do Sana. Abriga parte do Parque Nacional de Jurubatiba atraindo muitos pesquisadores pela sua biodiversidade. Possui também prédios com a arquitetura antiga como a Nova Aurora.

Segundo a pesquisa da Simonse Associados/Revista Exame, realizada em 2001, Macaé foi reconhecida como o 44º município em oportunidades de negócios.

Hoje a cidade colhe os frutos desse desenvolvimento, tem indicadores de riqueza e crescimento econômico. A prefeitura tem um orçamento para 2003 de R$ 372 milhões e é o quarto município em qualidade de vida do Estado. Uma transformação ocorre no perfil da cidade e as conseqüências dessa transformação vão mudar o futuro da cidade e da população.

O município cresce para todos os lados. Centenas de estrangeiros chegaram à cidade junto com as multinacionais. Bairros surgiram a partir de condomínios sofisticados construídos para abrigá-los.

O desenvolvimento gera empregos e renda. O setor de serviços é o que mais emprega na cidade, ficando até à frente das indústrias offshore.

Visando a qualificação dos futuros profissionais para os empregos surgidos na cidade a Prefeitura está investindo na educação do município. A maior parte orçamentária é destinada à educação pública. Pode-se dizer que todas as crianças do município estão na escola. E faculdades, aos poucos, estão começando a surgir podendo proporcionar aos estudantes macaenses um nível superior sem precisarem ir para cidades vizinhas.

O grande desenvolvimento da cidade traz problemas também. A cidade está crescendo rapidamente, desordenadamente e sem o planejamento para suportar a quantidade de pessoas que vêm para cidade. Macaé não é capaz de oferecer a infra-estrutura necessária para a população e para as empresas.

O setor imobiliário é muito caro. A especulação é grande. Os empresários do setor encarecem os imóveis, pois a cidade está crescendo e as pessoas têm necessidade de morar em Macaé e se não estiverem dispostas a pagar o que é cobrado, isso não será possível. E quem acaba sendo prejudicado são as crianças e os jovens, pois futuramente vão querer possuir imóveis para começarem a construir suas vidas e terão a dificuldade de conseguí-los.

Os estrangeiros e as empresas que chegam à cidade a trabalho, não investem no município. Depois vão embora e não contribuíram em nada para com o desenvolvimento. Exploram, ganham seus dólares e voltam para seus locais de origem.

Por conseqüência, a população de menos poder aquisitivo de Macaé e que vêm de outros lugares em busca de emprego, estão se instalando na periferia da cidade, dando início ao processo de favelização, porque é na periferia que os imóveis são mais baratos e mais acessíveis e a prefeitura não faz nenhum programa para ajudar essas pessoas, pelo menos para que as mesmas tenham condições de viver com o mínimo de dignidade.

A quantidade de automóveis que circulam no município é imensa, ficando quase impossível andar de carro no centro da cidade. Por falta de planejamento, a Prefeitura Municipal não soube perceber que as ruas não conseguiriam manter um bom fluxo dos veículos. As condições das ruas, por causa do alto fluxo de carros são péssimas, são muito esburacadas e sem uma boa manutenção.

Uma conseqüência que pode ser encontrada na maioria das grandes cidades brasileiras é a violência. Macaé está com um índice altíssimo de homicídios. Os bandidos e os traficantes vêem na cidade uma possibilidade de lucro e, no entanto, o aparato de segurança do município apresente sérios problemas operacionais.

Problemas ambientais também são encontrados no município por falta de tratamento de esgoto. Muitas vezes ele é jogado nas praias da cidade e em alguns bairros o esgoto fica ao ar livre, expondo os moradores ao mau cheiro.

O setor de saúde também deixa a desejar, mesmo tendo a menor taxa de mortalidade infantil do estado, cerca de 10%. A cidade ainda não tem um hospital público adequado em funcionamento, capaz de dar um bom atendimento de acordo com a demanda.

Na área turística Macaé poderia ter um investimento maior, pois tem uma riqueza natural muito diversificada e que sendo bem explorada pode aumentar muito o índice de turistas.

O dinheiro vindo do petróleo transformou Macaé em um município rico e com os indicadores de desenvolvimento econômico e social superiores aos da média brasileira. Com toda essa riqueza Macaé passou a ter características de uma cidade grande. A cidade cresceu muito rápido e desordenadamente e sem um planejamento prévio, trazendo problemas para os moradores.

Os macaenses estão sentindo a mudança da cidade, pois estão perdendo vagas em empregos, pois as multinacionais que chegam na cidade já trazem seus profissionais. Talvez a Prefeitura pudesse fazer mais com relação a isso criando um convênio. A Prefeitura facilitaria a vinda dessas empresas para a cidade se a mesma empregasse um número "x" de pessoas da cidade.

A questão da violência é um pouco mais complicada pois não depende só da Prefeitura, mas ela pode ajudar. Quando ela incentiva os jovens para o estudo, dando-lhes uma esperança e principalmente condições de se verem em um bom emprego, podendo ajudar a família, o índice de violência, certamente abaixaria bastante. Outra atitude que os órgãos municipais poderiam tomar em com relação à polícia, seria cobrar uma atuação maior e melhor no cotidiano na cidade.

Os órgãos competentes do município devem investir na cidade para que ela possa comportar a quantidade de pessoas que chegam. Devem fazer um bom projeto em infra-estrutura para que atraia cada vez mais investidores.

Deve-se explorar o turismo através das riquezas naturais. O município poderia pegar os jovens e adolescentes de menos poder aquisitivo colocando-os na escola e treinando-os para serem guias turísticos mirins, podendo assim, ajudar suas famílias. São tantos lugares bonitos e podem ser explorados nesse sentido. Estão ali o Forte Marechal Hermes, a Igreja de Sant'Ana, a Igreja de São João Batista, Prédio da Sociedade Musical Lyra dos Conspiradores, o Farol, entre outros. Talvez se deixasse de se preocupar com a estética, construindo calcadas e canteiros, e se preocupasse mais com os moradores criando programas municipais para ajudar os que não possuem condições favoráveis, talvez fosse recomendável investir também na pesca e agricultura.

E uma das coisas mais importantes, investir na cultura. Não adianta trazer muitas peças teatrais e shows no Teatro Municipal de Macaé se as pessoas não vão. É preciso incentivar as pessoas a irem ao teatro. É preciso criar essa cultura.

Outro fator é o de carência em opções de lazer. Tudo gira em torno da Praia dos Cavaleiros. Não havendo outras opções, as pessoas procuram as cidades vizinhas como Rio das Ostras, Campos dos Goytacazes e a Região dos Lagos.

A Prefeitura tem que se preocupar com o futuro, principalmente quando o petróleo não for a principal fonte de renda do município. Porque quando acabar o líquido negro, as multinacionais vão embora e os estrangeiros também, e se não for feito nada hoje, Macaé vai se tornar uma cidade fantasma e seus moradores vão ficar sem emprego.

Enfim, Macaé é uma cidade de porte médio e que cresce constantemente. Cabe à população cobrar maior empenho das autoridades e conhecer seus direitos. A Prefeitura Municipal está trabalhando, mas há ainda espaço para fazer muito mais e fazer sempre se algumas medidas forem tomadas e se a população se unir em benefício do município. A cidade pode melhorar ainda mais os índices de economia e se tornar uma cidade tranqüila para se viver, lugar onde se possa trabalhar e usufruir de suas riquezas, atrair cada vez mais turistas e investidores, crescendo assim, no cenário nacional.

Daqui a dez anos as pessoas sabem as conseqüências das atitudes tomadas hoje para uma qualidade de vida melhor em Macaé.

 

Referências Bibliográficas

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