Induvidualismo em Macaé

Marcieli Thomaz Hipólito
Aluna do 6º período do curso de Sistemas de Informação
Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora

Falar de individualismo não é tão difícil, já que o mesmo é muito amplo, o que nos dá muitas margens para descrevê-lo. A intenção é falar um pouco da nossa realidade, ou seja, dizer sobre o individualismo em nossa comunidade, ou melhor, na nossa Macaé.

Nesse primeiro momento, é preciso refletir sobre o que é o Individualismo em si para, posteriormente, tratar o assunto voltado para o Município. Bem, Individualismo nada mais é do que o distanciamento de um indivíduo frente a um grupo. Ainda assim, o conceito de individualismo depende muito da noção do indivíduo que varia ao longo da história humana, e de sociedade para sociedade.

Algumas pesquisas levam à conclusão de que o individualismo está cada vez mais presente em nosso meio, justo hoje que dispomos de pessoas mais e mais pessoas capacitadas, porém uma mais egoísta ou até mesmo egocêntrica do que a outra. Resultado: o indivudualismo. Não há troca de informação. Mas, todos estão esquecendo que tudo isso prejudicará nossa própria geração.

Vivemos em um mundo, cidade, bairro ou qualquer local totalmente Capitalista, o que nos faz ter uma sociedade, de forma geral, que nos induz cada vez mais ao individualismo. Em nossa cidade, Macaé, não é diferente, o próprio título de “CAPITAL DO PETRÓLEO” faz ver que muitas pessoas que hoje convivem conosco não são daqui, vieram buscar um pouco do que a nossa cidade oferece, ou seja, o emprego em Multinacionais e até mesmo na própria Petrobras.

Há algumas histórias sobre a cidade que nos levam a pensar um pouco sobre como ela era antes da grande virada empresarial que a cidade sofreu. O bairro Imbetiba, por exemplo, era o point, lugar onde famílias se reuniam para momentos de lazer e descontração nos fins de semana e hoje o mesmo só é movimentado durante a semana, visto que situa uma grande geradora de emprego.

Do mesmo modo que a maioria dos homens modernos precisa ter, diante dos olhos, na maior parte da vida, o ganho do dinheiro como motivação mais próxima, forma-se a idéia de que toda a felicidade e toda a satisfação definitiva na vida são ligadas, intrinsecamente, à posse de uma certa forma de dinheiro (SIMMEL, 1998, p. 33).

Com isso, podemos fazer a seguinte análise: até que ponto toda essa revolução foi benéfica para nossas vidas? Sabemos que é necessário termos um bom emprego, mas será que isso deve estar acima das nossas riquezas familiares?

Esse assunto nos leva a uma breve análise: Você conhece as pessoas que moram ao seu redor? Provavelmente não, não é mesmo? Pois bem, será que não atentamos para tal idéia ou será que o ato de sermos tão individualistas não nos deixa ter tal contato? Sem dúvida, mesmo sem querer, já deixamos que a solidão faça parte da nossa vida. E...

...enquanto a abelha, a formiga ou o cupim são insetos cujo comportamento é previsível, estando sempre dispostos à permanente renúncia individual em favor da comunidade, bastando-lhes a programação genética sob cujos auspícios nasceram, o homem, ao contrário, é um animal muito mais complexo. Para este, a vida em sociedade significa coexistir com outros indivíduos, todos diferentes entre si, com propósitos pessoais específicos, interesses diversos e, acima de tudo, com a necessidade de compartilhar valores, princípios e objetivos distintos. O drama de qualquer sociedade, portanto, está no fato de indivíduos, biológica e eticamente diferenciados, possuidores de interesses pessoais muitas vezes conflitantes, terem de ajustar-se a uma coexistência pacífica, em seus próprios benefícios (LEME, 1988).

Fazemos parte de uma comunidade que a cada dia tem pensado somente nos seus interesses próprios, temos visado somente o nosso bem estar. É sempre um querendo se sobressair mais que o outro, e como diz um velho ditado: “Se a farinha é pouca, o meu pirão primeiro”.

Não precisamos ir muito longe, isto é, sairmos do nosso dia-a-dia para percebermos que o assunto é comum entre nós. Presenciamos isto a todo instante, até nos pequenos detalhes o mesmo está inserido. As pessoas estão tão sufocadas que nem percebem o que está acontecendo. É preciso ter uma conscientização, caso contrário, onde iremos parar?

Sabemos que tudo isso nos leva também a uma sociedade violenta, revoltada, sem amor e, infelizmente, Macaé passa por tal problema diariamente. Nossa cidade já foi até notícia nos telejornais como a mais violenta do Estado do Rio de Janeiro, essa é a nossa realidade.Pior, apesar de toda a violência, ainda existem as drogas, que faz os usuários se tornarem, cada vez mais, separados de determinados grupos, o que leva ao individualismo.

Em nossa comunidade, temos algumas escolas que está já estão preparando as nossas crianças para que não se deixem entrar por este caminho. Uma delas é a ESCOLA ALFA, a mesma está educando seus alunos para que cresçam mais solidários e mais participativos. Através de Feiras, Atividades Esportivas, Turismo etc. E o COLÉGIO ATIVO, que proporciona aos seus alunos, todos os dias, o Lanche Comunitário, em que cada criança tem o dia específico de levar o lanche de toda a sua turminha.

O individualismo está presente até mesmo em nossos lares. Podemos ver que os pais saem cedo, os filhos têm que ir para a escola, além de fazer cursos de inglês, esporte, enfim, a família não se encontra mais como no passado.E se antes fazia, pelo menos, uma refeição com todos reunidos à mesa, hoje isso não acontece mais, devido a tantos afazeres que todos possuem e os faz pensarem unicamente neles mesmos.

Com tudo isso, vemos que o individualismo vem trazendo, também, uma tal liberdade que nos faz ter a sensação ou até mesmo a aparência de um status que muitas vezes nem possuímos e por estarmos inseridos nessa sociedade que nos faz, quase sempre, gastarmos além da nossa capacidade, pois precisamos estar no mesmo patamar que nossos amigos, se não corremos o risco de não sermos aceitos em determinados grupos dos quais fazemos parte.

O dinheiro abriu, para o homem singular, a chance à satisfação plena dos seus desejos numa distância muito mais próxima e mais cheia de tentações. Existe a possibilidade de ganhar, quase que com um golpe só, tudo que é desejável (SIMMEL, 1998, p. 35).

Esta citação nos mostra como o dinheiro abre uma porta ainda maior para o homem como um todo e é ele também que nos faz ter ainda mais a idéia de independência, faz-nos ser ainda mais individualistas e dá-nos a impressão de liberdade, pois o mesmo seria capaz se satisfazer não só nossas necessidades, mas também todos os nossos desejos.

A alta sociedade se acha ainda mais no direito de gastar mais e com segurança, visto que por possuírem posses, o dinheiro não seria problemas para ela, pois podem gastar quantos mil forem necessários para obterem segurança e muitas vezes isso chega ao extremo, fazendo com que só saiam em carros blindados, por exemplo.

Bem, o tal do dinheiro parece comprar tudo, só que o mesmo não é capaz de comprar dignidade, respeito e muito menos o socialismo. Ele nos faz sermos cada vez mais individualistas, é nesse “mar” que nossa cidade está totalmente inserida e sabe-se lá quando a mesma conseguirá se livrar disso, pois o individualismo está inserido também no governo, pois se formos dividir a cidade em dois grupos (os que têm acesso a tudo e os que nada possuem), saberemos que uma grande maioria vive precariamente. O que se tem feito para que essas pessoas consigam viver com dignidade?
A Macaé que o Brasil conhece não é essa que nós moradores natos conhecemos.

Bibliografia:

LEME, Og Francisco. Entre os Cupins e os Homens, : José Olympio / Instituto Líber .1988
http://www.clickmacae.com.br/?sec=115&cod=18&pag=65 – acessado em 18/03/2008
http://www.cchla.ufpb.br/caos/georgeardilles.pdf - acessado em 20/03/2008
http://pt.wikipedia.org/wiki/Individualismo - acessado em 22/03/2008
http://www.adalbertopiotto.com.br/blog/2007/06/o-individualismo-em-si.asp - acessado em 22/03/2008
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5674 – acessado em 31/03/2008
SIMMEL, Georg. O indivíduo e a liberdade In: Jessé Souza e B.Oelze, orgs. Simmel e a modernidade. Brasília: Editora da UNB,1998 a. p. 109-117.

 

Revista Eletrônica Minhoca da Terra #4
Curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda
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