Individualismo: a Religião Macaense

Géssica Manhães
Aluna do 6º período do curso de Sistemas de Informação
Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora

Este artigo apresenta algumas reflexões sobre o individualismo, abordando a emergência de uma “avaliação racional e humana” que possa vir a orientar uma conduta mais sensível por parte da sociedade macaense e mundial.

Vivemos numa sociedade competitiva, de mercado, subdesenvolvida econômica e espiritualmente, que só consegue encontrar “saídas” para indivíduos. E o indivíduo que consegue libertar-se de toda a opressão imposta, tende a transformar-se em opressor também. E esta secular e horrenda estrutura individualista se reproduz, eliminando a razão, as emoções e os sentimentos das pessoas. Querendo, acima de tudo, o “bem” para si próprio. Pois raramente se trabalha ou se pensa em prol da coletividade, a não ser quando esta coletividade gerar bonificações individuais.

A sociedade industrial encontra-se em um estágio de individualismo avançado, onde tudo o que se faz pressupõe a valorização do capital próprio, ou seja, tudo visa o lucro.

Em Macaé, as indústrias cada vez mais vêm adentrando na zona urbana e cada dia que passa vão destruindo o ecossistema natural da cidade. E a solução que essas indústrias encontraram foi dizer que apóiam o desenvolvimento sustentável e que são “socialmente responsáveis”, mas que responsabilidade é essa que só passa existir depois da destruição? Eis aí um exemplo de individualismo, pois essas indústrias “pensam” inicialmente apenas em se instalar e lucrar, depois que já estão lucrando é que vão ver o que se pode fazer pela sociedade e natureza local.

A sociedade como um todo é individualista, pois nascemos na era do capitalismo e o que ele prega é o “lucro a qualquer custo”. Daí o porquê de sermos individualistas, porque não medimos conseqüências para alcançar o almejado.

A sociedade macaense é tão individualista quanto qualquer outra, pois em uma cidade que é considerada “a cidade do petróleo” seria quase impossível não ser individualista. Com tantas belezas naturais que a cidade tem, com tanto verde etc, o que mais aparece é o ‘preto’. Aí surge uma pergunta: Por que ser considerada a cidade do Petróleo? Será que é por que em nosso litoral encontra-se esse precioso recurso natural? Não, é porque a propaganda “cidade do petróleo” simplesmente está dizendo em suas entrelinhas: “Venha, aqui o lucro é garantido”.

E é por causa desse lucro que Macaé ‘cresceu’, o desenvolvimento descontrolado de nossa cidade é apenas conseqüência da busca desenfreada pelo lucro, pelo crescimento individual.

O indivíduo perde, assim, o sentido da sua própria vida, pois o sentido de viver está em conquistar bens, os quais não são bens espirituais ou sentimentais, mas sim bens materiais.

O trecho do texto abaixo foi escrito por José Paulo, fundador do grupo Os Camaradas, e descreve perfeitamente essa idéia de individualismo:

“Individualismo e Coletivismo: Certamente aí está uma das principais conseqüências de cada sistema, capitalismo e comunismo Uma das primeiras necessidades do capitalismo é a de desenvolver a vontade individualista na classe trabalhadora, como uma forma de aumentar os ganhos nos meios de produção. Por um lado, você tem um proletariado dividido e alienado incapaz de causar qualquer dano ao poder burguês e, por outro lado, está o aumento da produção pela competição entre os trabalhadores, como uma tentativa estúpida de cada indivíduo conseguir a mesma vida que a burguesia tem. José Paulo – Fundador”

Não existe verdade definitiva e o pensamento é a única força real que pode libertar nossas almas.

Pense!

Bibliografia:

http://br.groups.yahoo.com/group/camaradamente/message/9
SIMMEL, Georg. “O indivíduo e a liberdade” In: Jessé Souza e B. Oelze, orgs. Simmel e a modernidade. Brasília: Editora da UNB, 1998 a. p. 109-117.

 

Revista Eletrônica Minhoca da Terra #4
Curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda
Faculdade Salesiana Maria Auxilidora - FSMA / Macaé-RJ
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