Macaé: Há espaço para cultura?

Karoline Balestiere Barbosa Marques
Bacharelanda em Comunicação Social
Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora

Resumo

O objetivo do artigo é analisar as opções de acesso a cultura em Macaé, refletindo criticamente sobre as desigualdades sociais e a disparidade de ofertas culturais na cidade.

Palavras-chave: Macaé, investimentos culturais, cultura.

 

Abstract

The objective of the article is to analyze the access options criticamente the culture in Macaé, reflecting on the social inaqualities and the disparity of cultural offers in the city.

Key Words: Macaé, cultural investments, culture.

 

Macaé, também chamada de capital do petróleo, há muitos anos era apenas um balneário no interior do Rio de Janeiro. Cidade pacata de gente humilde e trabalhadora. Com a vinda da Petrobrás isso tudo mudou, a cidade cresceu, se desenvolveu e se tornou um grande pólo de negócios que atraiu pessoas de toda parte do país em busca de um bom emprego.

A cidade hoje possui moradores de diversas cidades ou até mesmo países. Quando se chega aqui, a primeira pergunta que se ouve é: Você é da onde?; Está aqui a trabalho?. Parece uma cidade onde todos estão de passagem e foram atraídos por um único motivo: dinheiro.

Sejamos realistas, o que atrai tanta gente para este lugar? Todos têm o interesse de conseguir um bom emprego, se aperfeiçoar, ganhar dinheiro, e infelizmente após conquistar tudo isso, ir embora.

Pode-se perceber isso nos finais de semana, onde a cidade fica completamente vazia. Parece que Macaé só funciona em dias de semana justamente quando todos estão aqui agitados trabalhando, e o que essas pessoas mais querem nos fins de semana é rever suas famílias em suas respectivas cidades.

E é exatamente aí que entra a questão cultural. As pessoas estão tão preocupadas com o trabalho, que nem pensam na cultura. Por isso ela foi um pouco esquecida por aqui. Se você quer ir ao cinema por exemplo, só existem duas salas em Macaé, isso quando as duas estão disponíveis; você quer ir a um café literário? Não existe por aqui. Que tal ir ao teatro? Os preços são inacessíveis a metade da população. Não é todo mundo que tem condições de pagar R$ 40,00 para assistir a um espetáculo que dura apenas algumas horas.

O conceito de cultura por aqui parece que se limita a bares e restaurantes à beira do mar, o que é um absurdo. Todos nós temos o direito de ter acesso a cultura, mas aqui infelizmente isso não acontece.

São nítidas as diferenças sociais existentes em Macaé. Se formos de um extremo ao outro da cidade iremos perceber claramente isso. De um lado milionários, estrangeiros, gente da alta sociedade. Para essa classe é oferecido um tipo de “cultura” que eles podem pagar. Por outro lado existem as pessoas humildes que não tiveram a chance de conseguir um bom emprego, para essas pessoas é oferecido um outro tipo de “cultura”, geralmente de graça.

O governo atual poderia investir na diversidade cultural da cidade, utilizando os royalties do petróleo e construindo novos cinemas, um teatro maior, fazendo cafés literários com leituras de poesias ou até mesmo lendas e histórias da própria cidade que são desconhecidas.

Macaé em termos de cultura já se desenvolveu muito, mais ainda é preciso fazer muitas coisas. O que já existe por aqui, as pessoas desconhecem, pois não é bem divulgado. Um exemplo disso é um café que existe dentro do teatro e de vez enquando acontecem leitura de poesias, mas você só fica sabendo disso se tiver um email e, além disso, um conhecido que te convide para ir. Tudo é muito restrito e não há motivo para isso.

As pessoas parecem que tem medo de divulgar determinados eventos por medo daquele famoso “povão”, o que não existe. Se pararmos para pensar veremos que um grupo de pessoas que gosta de ir a um café para conversar já é um grupo restrito, um grupo de pessoas que, além disso, gosta de ouvir poesias é mais restrito ainda, ou seja, só irão freqüentar este lugar quem realmente se interessa pelo assunto.

Já que está cidade possui culturas de diversos povos de tantos lugares diferentes, porque não aproveitar isso? Explorar novas culturas novos povos e estimular as pessoas a conhecerem novas culturas também. É preciso aproveitar essa diversidade cultural existente nessa cidade.

Fazendo novos projetos culturais na cidade traria benefícios a todos. A própria cidade que iria se valorizar e acabar atraindo mais pessoas para cá, mas não a trabalho e sim para o turismo, o que iria gerar mais capital. A própria população que teria mais opções de diversão, educação e conhecimento, o que seria muito importante.

Com educação e conhecimento sendo oferecidos desde cedo a população, as crianças iriam crescer com uma visão diferente sobre o mundo, e não iria sobrar tempo para criminalidade que seria extinta e seria um grande benefício para a cidade.

Macaé é uma cidade que tem sim espaço para cultura, o que falta é investimento e o desenvolvimento de idéias por parte dos governantes. Há um desinteresse por parte deles, o problema não é o dinheiro que vai ser gasto mais sim aonde vai se gastar, e a cultura pelo que parece não é uma prioridade atualmente.

O que muitos se esquecem é que assim como a Petrobrás veio um dia ela irá embora, e o que irá sobrar em Macaé? É preciso investir em outras coisas, não só em petróleo, tudo bem que é o que gera dinheiro para cidade atualmente, mas isso não será para sempre.

Não seria a hora de começar a investir na cultura? É hora de começar a pensar no futuro e no que trará dinheiro para a cidade. A valorização cultural não necessita de grandes gastos do governo, basta interesse, idéias e gente competente para colocá-las em prática.

A cidade cresce cada vez mais, daqui a alguns anos poderá ser comparada a uma metrópole, por isso existe essa grande necessidade de desenvolver a cultura para que ela acompanhe o crescimento do município e não fique parada no tempo, o que seria uma perda para todos.

Para não dizer que Macaé está completamente arruinado em termos culturais, existe um museu “Solar dos Mello” que foi reformado a pouco tempo, foi uma iniciativa que a secretaria de cultura teve e que realmente deu certo.

Mas isso ainda é muito pouco, a cidade é linda, aconchegante e com um povo acolhedor, é realmente uma pena esse desinteresse pela cultura. A cidade ficaria muito mais completa, tiraria o aspecto de cidade do interior, as pessoas viriam a cidade com mais freqüência e até mesmo aquelas que citamos no início do texto que aos finais de semana saem da cidade para visitar suas famílias, não sairiam mais, iriam trazê-las para cá, consequentemente a economia da cidade também iria melhorar.

Tudo isso pode parecer um grande sonho, mas é preciso tentar, é preciso investir realmente em coisas de grande importância na vida das pessoas, mesmo que elas não se dêem conta disso ainda. O povo daqui não está acostumado com isso justamente por que não tem, se tivessem possuído grandes centros de cultura, grandes museus, teatros, estariam sentindo falta.

As pessoas daqui ainda não sentiram o “gostinho" do que realmente é bom, dos benefícios que a cultura pode trazer para nossas vidas. Se encher de conhecimento e se divertir ao mesmo tempo é o que falta aos nativos daqui.

Ainda há tempo para mudanças nunca é tarde para recomeçar. Está na hora dos atuais governantes darem mais atenção a cultura, e pensar que pode ser ela que vai movimentar todo o capital no futuro.

E também será um meio de aproximação da cultura de diversos países. Temos isso aqui em Macaé por enquanto por meio de restaurantes onde ficamos conhecendo um pouco da cultura mexicana, japonesa e italiana por exemplo, mas só isso não basta. As pessoas tem muita curiosidade sobre a cultura de outros povos mas para isso precisam ser estimuladas.

E é aí que entra a questão da criação de novos projetos de centros culturais que seriam muito interessantes para o povo daqui e a ampliação do museu de Macaé que poderia ser muito mais enriquecido, para mostrar nossa cultura aos estrangeiros que vem aqui a trabalho mais também tem a curiosidade de conhecer um pouco mais a nossa história.

Muitos acham que os estrangeiros se limitam a conhecer a feijoada, a caipirinha e o carnaval, mas estão completamente enganados, ele tem sede de conhecimento por novas culturas assim como nós.

Tanto que alguns países ainda acham que o Brasil é uma selva, tudo isso acontece pela falta de divulgação da nossa cultura, e é o que acontece em Macaé o que se divulga nos Cavaleiros, não é divulgado na Barra de Macaé por exemplo, isso está completamente errado, não há motivo para essas diferenças. Todos nós somos iguais e temos direito a cultura. A cidade tem que ter cultura para todas as classes, raças... não existe razão para fazerem eventos diferentes. Todos querem e precisam ter conhecimento, ter cultura é uma necessidade de todos.

Essa é a grande importância do investimento na cultura local. Especialmente Macaé, lugar que se desenvolveu rapidamente, gera dinheiro, atrai pessoas, lugar também de muitos mitos ainda desconhecidos até mesmo pela própria população. Está na hora de mostrar para os macaenses a qualidade de suas histórias e da importância da sua cidade.

 

ReferÊncias BibliogrÁficas

PEREIRA, Fernando Tavares. Pensando Macaé. O Debate – 1996
BORGES, Armando. História da economia de Macaé. Editora Damadá

 

Revista Eletrônica Minhoca da Terra #2
Curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda
Faculdade Salesiana Maria Auxilidora - FSMA / Macaé-RJ
www.fsma.edu.br/publicidade/minhoca