Globalização e Cultura em Macaé
Helena do Rocio Guimarães da Silva Costa
Aluna do 3º período de Comunicação Social
Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora
Resumo
O objetivo do artigo é analisar a relação entre cultura e Globalização em Macaé, refletindo criticamente sobre as transformações que o desenvolvimento econômico trouxe para a cidade.
Palavras-chave: Macaé, Globalização, cultura.
Abstract
The objective of the article is criticamente to analyze the relation between culture and Globalization in Macaé, reflecting on the transformations that the economic development brought for the city.
Key Words: Macaé, Globalization, culture.
Como falar em Globalização e não imaginar Macaé desde a época de seu povoamento e fundação. Tempo em que os portugueses tomaram conta de nossas terras e traziam os hábitos e culturas européias para dentro de nosso país. Época em que tentaram eliminar nossos nativos com tristes episódios de destruição. Tempos em que piratas franceses se apossaram da ilha de Santana como refúgio depois de saquearem todos os povoados do nosso litoral. Como falar em cultura, sem misturar um pouco dos costumes africano, da corte européia, um pouco dos índios Goitacás, religiosos Jesuítas, criando assim uma cultura própria do lugar!
Diante da fertilidade que marcava as terras de toda a região, que ia de Cabo Frio a Campos de Goitacás, Macaé se caracterizava como um lugar de poucos pastos e terras menos fecundas. O Rio Macaé por não ter profundidade, sempre foi adequado para embarcações de pequeno porte. Naqueles tempos, meados do século XIX o maior cultivo foi a cana de açúcar...
De lá para cá, Macaé, passou de vila, povoado, cidade e hoje conhecida mundialmente como a Capital Brasileira do Petróleo.
Ao entrar em Macaé pela primeira vez, vindo da Região dos Lagos, a exatamente 12 anos atrás, tive um impacto e, ao mesmo tempo, a sensação que havia descoberto o lugar ideal para morar e criar os filhos com tranqüilidade e qualidade de vida. Afinal, era uma cidade com belezas naturais, pacata e muito próxima a Capital, além de ser vizinha de cidades turísticas como Rio das Ostras, Búzios e Cabo Frio. Comprovar que a beleza não estava somente na primeira paisagem que vi, que foram a Lagoa de Imboassica e a Praia do Pecado, foi fácil Logo em seguida vislumbrei a Praia dos Cavaleiros e o Arquipélago de Santana, (Ilha de Santana, Ilhote Sul e Ilha do Francês). Naquele mesmo ano fui conhecer a serra, passando pelo Óleo, Glicério, Frade e chegando até o Sana. Macaé é uma cidade que reúne todas as belezas como praia, ilhas, rios, lagoas, serras fauna e flora de uma riqueza sem tamanho. É para encantar qualquer navegador!
No dia a dia, fui conhecendo cada detalhe percebível que fazia a diferença entre os habitantes daqui e os de onde eu vinha. Aqui, as pessoas eram solícitas, amáveis, carinhosas. Não me sentia apenas mais um habitante, sentia-me uma pessoa de sorte, honrada, uma cidadã que hoje defende essa terra com muito sentimento, pois fui bem recebida por todos, sem conhecer ninguém. Fiquei impressionada com quantidade de povos de diferentes nacionalidades. Ao transitar pelas ruas, ou nos bares, ouvia cinco ou mais idiomas diferentes, além dos sotaques vindos de estados distintos do nosso imenso Brasil. Tanta mistura, que acabou transformando os hábitos e costumes do lugar. A baiana que vende “aquele” acarajé tem lugar certo e é freqüentado não só por quem quer matar a saudades da comida típica de seu estado, como também de tantos outros apreciadores da conhecida iguaria. Restaurantes para agradar a todos...comida chinesa, japonesa, comida mexicana, mineira, churrascarias gaúchas, cantinas italianas e muito mais...além do prato típico da região, que são os frutos do mar, uma das maiores riqueza dessa área, depois do petróleo é lógico!!!!
Hoje, Macaé possui escola para filhos de estrangeiros, onde o idioma principal é o inglês, da mesma forma em que já existem igrejas com cultos evangélicos na mesma língua. Pubs para atender os ingleses e irlandeses e condomínios prometendo campos de golfe.
Da mesma forma, foi completamente visível o crescimento de Macaé em relação à construção civil. A arquitetura da cidade mudou. Sofisticou-se. De dois prédios com mais de 6, 7 andares, Macaé abriu espaço para os grandes edifícios, e o melhor da Hotelaria. O único condomínio existente era o “Mirante da Lagoa”, que hoje é considerado bairro, enquanto prolifera condomínios e casa em toda extensão da cidade. De ponta a ponta, notamos a mudança, o crescimento, a modernidade instalada.
Em pouco mais de duas décadas a cidade se transformou..A população que na década de 70 era de pouco mais de 50.000 habitantes, hoje chega a quase 200 mil Atraída pela indústria do petróleo, gente de todo o país e do mundo todo escolheu Macaé para viver. Dez por cento da população é de estrangeiros. A cidade hoje cede espaço para mais de 4000 empresas, entre elas empresas multinacionais estrangeiras. O desenvolvimento da cidade fez crescer quase todos os setores, economia, gastronomia, hotelaria .
O turismo também vem crescendo em Macaé, principalmente o turismo ecológico. Os adeptos em esportes radicais como o rapel, rafting e canoagem tem uma infinidade de belos lugares para praticá-los. Cachoeiras, montanhas, corredeiras, rios e uma bela paisagem fazem parte desse cenário. O município abriga ainda o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, região que guarda ainda características da época em que os portugueses chegaram no Brasil. No Sana, uma das maiores atrações é uma formação rochosa chamada de “Peito do Pombo”, que vista de determinados ângulos se assemelha a figura de um pombo sobre a rocha.
Apontada por pesquisas como a cidade que mais se desenvolveu entre Rio de Janeiro e São Paulo, também foi eleita como a cidade mais dinâmica do estado, levando em consideração o Índice de Desenvolvimento Humano, e também a segunda melhor para se trabalhar. Com prêmios recebidos nas áreas de Educação e Saúde e destacando-se nos esportes, Macaé passou a ser vista como a nova mina de ouro para enriquecer com facilidade. Junto com esse crescimento veio também mudanças desagradáveis como a favelização. Pessoas de todo o país começaram a chegar atrás de uma vaga de emprego, mas a maioria sem qualificação necessário para o que a cidade oferece. O mercado é totalmente voltado para a exploração de petróleo, requerendo assim profissionais qualificados na área. A Globalização e a corrida por uma vida melhor cria um crescimento acelerado. E, com certeza, isso aconteceu aqui, pois, em poucos anos, vi brotar bairros-favela em várias localidades da cidade. Com isso, começou a se intensificar a quantidade de mendigos e pessoas de baixa renda ou nenhuma renda, aumentando o índice de criminalidade, que antes não se ouvia falar.
A cultura é outro ponto alto da história dessa cidade que possui uma significativa expressão cultural. Duas entidades fundadas ainda no século XIX, a Lira dos Conspiradores e a Sociedade Musical Nova Aurora sobrevivem a estes altos e baixos culturais. Foi criada em 1997 a Fundação Macaé de Cultura que vem desempenhando um papel de muita importância no cotidiano cultural da cidade. Criou a Galeria de Artes Hindenburgo Olive, um espaço especialmente criado para exposições de artes; O Solar dos Mellos, que abriga o Museu da Cidade de Macaé e o Centro de Memória Alvarez Parada.; Reformou e deu o nome para o Teatro Municipal de Macaé, que utiliza mobiliário que fez parte do Teatro Lírico do Rio de Janeiro. Desde a sua inauguração, nele têm sido apresentadas diversas peças teatrais com elenco vindo de fora e trazendo grandes nomes para representar. Festivais de dança anuais e Festival de Teatro, além da famosa VIA SACRA encenação da “Paixão de Cristo” (antes representada na rua , no bairro da Imbetiba). Concertos de rock progressivo com nomes internacionais também já fizeram suas apresentações no palco macaense. Além de ser usado para palestras , encontros e convenções.
Começando no mês de maio, as festas das serras são muito festejadas. Festa Maína que acontece no Distrito do Frade, Festa de Crubixais, Festa de Glicério, Festa do Arraia do Sana, além das Festas dos Santos do mês de junho Santo Antonio São Pedro e São João (Padroeiro de Macaé). Em todas essas festas têm shows de bandas e cantores, barraquinhas de comidas e brincadeiras. As festas mais esperadas são a Exposição Agropecuária que acontece no mês de julho no Parque de Exposições Lattiff Mussi Rocha, com shows de grandes artistas da música nacional, rodeios, leilões e exposições de bovinos , eqüinos etc, e o Fest Verão nos meses de janeiro e fevereiro com apresentações de vários shows nos fins de semana, chegando a ter perto de 70 mil pessoas assistindo, como foi o último show do Chiclete com Banana.
Com o segundo maior centro de convenções do estado do Rio de Janeiro, O Macaé Centro – Centro de Convenções Jornalista Dr Roberto Marinho, abriga as feiras de Petróleo, Brasil Off Shore e Macaé Oil e Gás, que reúnem empresas petrolíferas do mundo todo, trazendo divisas para a cidade que passaram a fazer parte do calendário cultural da cidade.
Um novo projeto tem tomado parte da calçada do shopping Céu Aberto, Av, Rui Barbosa, mais conhecida como Rua Direita desde o mês de março desse ano. Toda sexta-feira, dois palcos são montados e vários artistas locais se apresentam com seus respectivos repertórios de cantores já consagrados ou com suas próprias composições. O público vem comparecendo aos locais para apreciar os trabalhos e encontrar os conhecidos para um informal bate-papo. Assim as informações vão se cruzando, os hábitos se consolidando e a cidade vai formatando novos modelos de cultura.
Com a chegada de várias entidades de ensino superior e cursos de qualificação e a AUTO SUFICIÊNCIA do nosso petróleo, espero poder estar certa de que o crescimento passará a ser ordenado, fazendo da nossa Macaé a Primeira cidade em qualidade de vida, profissional e social do País.
ReferÊncias BibliogrÁficas
www.macaé.rj.gov.br (site da Prefeitura Municipal de Macaé) consultado em 22/06/2006
UCHÔA, Julio e BAETA, Alice. Macaé – História e Memória
Jornal O Peru Molhado – Búzios – edição de 02 de junho de 2006
