Macaé: Entre o bem e o mal da Globalização

Danielli Lopes Nogueira
Aluna do Curso de Comunicação Social
Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora

Resumo

O objetivo do artigo é analisar os pontos positivos e negativos da globalização em Macaé, refletindo criticamente sobre as vantagens e problemas que ela trouxe para a cidade

Palavras-chave: Macaé, globalização, ciclos econômicos.

 

Abstract

The objective of the article is to analyze the positive and negative points of the globalization in Macaé, reflecting on the advantages and problems that it brought for the city.

Key Words: Macaé, globalization, economic cycles.

 

Constantemente ouvimos alguém falar sobre globalização. A palavra muitas vezes é usada para designar um processo típico da segunda metade do século XX que conduziu a crescente integração das economias e dos vários países, também promoveu a difusão de informações e de culturas. A disseminação da cultura globalizada tem influenciado os padrões de comportamento, provocando uma verdadeira ou falsa valorização da tradição e um fortalecimento dos regionalismos manifestos na identidade cultural.

Nos últimos anos a globalização tem se fixado como uma construção social, estabelecida dentro dos meios de comunicação.

O que tem feito as pessoas se sentirem mais próximas, mas não semelhantes. Esse processo trouxe uma série de mudanças e paradigmas, e o que é possível perceber também é que nem toda modernização é favorável para a sociedade. E a cidade de Macaé? Parece estar sendo uma cidade altamente globalizada, desde o inicio de sua história, com o turismo, o desenvolvimento da agricultura, as empresas o ciclo de café e do petróleo, Macaé é conhecida como uma das melhores cidades para negócios, qualidade de vida e geradora de empregos do Estado. O que é importante é avalizar os fatos, perceber que imagem da cidade a mídia quer colocar, os jornais e a televisão são coerentes com toda essa realidade de Macaé? A globalização estaria atingindo a todos, ou só um pequeno grupo?

A cidade de Macaé tem um apelido carinhoso, conhecido pela redondeza por se chamar “Princesinha do Atlântico” isso porque a cidade tem em sua região uma grande riqueza em suas mãos, o “petróleo”. Os grandes investimentos em exploração e perfuração feitos no Brasil estão dando resultados, assim dizem os jornais locais, e de certa forma é a verdade. O município de Macaé localizado no Estado do Rio de Janeiro vem crescendo e já é reconhecido como principal base operacional de desenvolvimento, teste e inovações tecnológicas voltadas para pesquisa, perfuração e extração do petróleo, além de abrigar quantidade significativa de empresas estrangeiras. Importante saber também alguns pontos fortes deste processo histórico que revolucionou Macaé, uma cidade mundialmente conhecida e cobiçada por causa de seus royalties.

Existia uma lei 2004 que autorizava o governo federal a pagar Royalties do petróleo aos Estados e municípios, extraídos nos seus territórios como forma de indenização a essas unidades federativas, pela ocupação das suas áreas pela empresa estatal.

Por ser uma lei antiga, os seus legisladores não previram que no futuro, o petróleo seria também explorado no mar, pois, na época, não havia previsões de pesquisar óleo em nossas águas marinhas, como também, não existia tecnologia para se fazer tão arriscado trabalho.

Outro fator que levou a imprevis ão da expansão das pesquisas de petróleo, foi o seu preço muito baixo nos mercados nacional e internacional. Os investimentos não eram compensadores em áreas de elevados riscos. Melhor seria importar o produto, do que arriscar grandes somas.

A partir do ano de 1982, Macaé passou a receber a maior parte dos royalties, em virtude da ocupação física do seu território pela Petrobrás, chegando as grandes somas mensais. Assim tornou-se o município, um dos mais ricos do País. Na primeira metade deste século XX, Macaé construiu em 1914, 38 quilômetros de adutora e todo complexo de distribuição do precioso líquido à população.

Construiu o mercado municipal; construiu um matadouro, para servir a população de carnes inspecionadas, sem o menor risco de contaminação. Dois anos depois, importou da Inglaterra, postes de ferro para iluminação da cidade, e, no ano seguinte inaugurou a primeira energia elétrica do município, adquirindo um possante motor a óleo, o qual foi instalado na casa construída na praça da Luz (atual colégio Luiz Reid)- ocasião em que, foram desativados os lampiões a querosene, atualmente ainda se pode ver três postes de ferro remanescentes no centro histórico da cidade que continuam sendo utilizados. Essas e outras obras foram de grande magnitude para o desenvolvimento da cidade. 1

 A iniciativa privada cresceu e modernizou -se nesses novos tempos. O objetivo do desenvolvimento econômico é o aumento do bem estar do povo, proporcionando a satisfação de necessidades básicas, minimizando desigualdades de acesso e bens de serviços.

Mas lamentavelmente, o poder público e a grande modernização não conseguiram resolver os problemas básicos da cidade, em beneficio da população.  A cidade continua se servindo, precariamente, da sua rede de esgoto insuportável, construída há muito tempo.

O Rio Macaé continua a descarga de esgoto in-natura, levando poluição às praias, principalmente a praia da Concha, também conhecida como praia do Forte, uma das mais belas que temos à beira da cidade, há mais de vinte anos interditada para banho.

Nesse tempo todo de volumosa verba, não conseguiu ainda construir uma nova rede de esgoto com estação de tratamento, que seria o mínimo, em benefício de todos.

E o acesso à educação? Há mais de trezentos estudantes que se submetem, diariamente, ao sacrifício de se deslocarem para outros municípios, para cursarem, à noite em faculdades não existentes em Macaé. Agora já é oferecido um transporte gratuito aos universitários, mas não é ainda o suficiente.

Muitos macaenses, principalmente os da classe média não tratam da saúde na própria região, por falta de recursos hospitalares em Macaé. Dentre outras deficiências, como trânsito, segurança, e etc. Uma cidade pequena, com seus distritos não muito distantes, portanto, fácil de se administrar, com uma arrecadação invejável, poderia ser modelo de cidade do interior. Mas infelizmente, vai continuar sendo admirada pelo que aparenta ter e ser.

A problemática do mundo contemporâneo, suas transformações e dilemas vão atravessando gerações chegando a era da tecnologia. Poucos dão conta de entrar, no mercado que por sua vez se tornou mais agressivo com a globalização da economia.

O novo paradigma tecnológico trouxe novos atributos quanto aos novos trabalhadores e requer maior preparo e educação permanente para o desempenho de funções que estão em constante mudança. Em Macaé a tecnologia também se faz presente, e o número de pessoas sem qualificação para o trabalho é de assustar, o problema está na mão-de-obra, onde o custo é muito alto para se qualificar e poder trabalhar em empresas de offshore. E se por um lado, Macaé se desenvolve por outro então percebemos que ele retrocede.

O futuro para Macaé pode ser melhor, as expectativas podem ser alcançadas,o Plano diretor Macaé lançado em maio de 2005, visa proporcionar uma nova ordem à expansão da cidade e ao desenvolvimento urbano e rural. O plano envolve o município todo e terá inovadoras estratégias para enfrentar as dificuldades do dia-a-dia da cidade.

O planejamento territorial irá definir o melhor modo de ocupar os diferentes espaços da cidade, rever os pontos onde se localizarão as atividades, melhorando assim o uso desses espaços, no presente e no futuro.

Então se pode dizer que a globalização não é boa nem má, é apenas uma questão de equilíbrio como tudo na vida, tem seu lado positivo e negativo. No contexto da modernização e informação, será que existem mais problemas do que soluções?  Ao romper a ordem das coisas, o mundo atual tem dificuldade de encontrar um caminho a ser trilhado, dizem que esse mundo é fascinante, que apresenta aquilo que precisamos.

É no âmbito da cultura que se revelam os mais límpidos sinais da mundialização, e isso pode acontecer na cidade de Macaé, como em qualquer outra deste nosso país e porque não do nosso mundo, estamos falando de globalização, de um modo geral e de uma forma crítica. A população está se esforçando para adaptar-se aos novos tempos, que com ele trazem muitos desafios.

E se fossemos citar aqui todo desenvolvimento de Macaé, certamente reescreveríamos um livro de muitas vidas, desta população, que acompanhou passo a passo à transformação de uma época.

Entretanto cabe a cada um de nós, o exercício da cidadania, monitorar a evolução dos acontecimentos, e não permitir que as coisas continuem do jeito que estão. A população não pode esperar que aconteça, mas tem que fazer acontecer. As mudanças devem se continuamente acompanhadas para que todos os indivíduos possam se posicionar e exercer seu poder de cidadania, e isso tudo só acontece pela conscientização.

Finalizo esse artigo com as palavras de Armando Jorge que fez a história moderna do comércio de Macaé, preocupado em preservar a memória desta cidade, tornou-se admirado pesquisador, historiador e poeta.

“Se as gerações futuras pensarem que nessas duas décadas, o ciclo do petróleo, proporcionou um mar de rosas para todos os seus antepassados, cometerão um grande engano; porém, ficarão sabendo que ele existiu, mas, somente alguns, se beneficiaram.” 2

 

1 Cf. BORGES, Armando. História da economia em Macaé.Ed.ltda p.110

2 BORGES. Armando. História da economia de Macaé

 

ReferÊncias BibliogrÁficas

BORGES, Armando. História da Economia de Macaé. Macaé: Damadá Artes Gráficas e Editora Ltda .s/d
ORTIZ, Renato. Mundialização e cultura. São Paulo:Brasiliense, 1994.
MACAÉ Informa.Ano 1.nº1, Junho/Agosto 2005
O DEBATE. Macaé entre as melhores cidades para negócios. Dia 12/12/02
www.suapesquisa.com. Acessado em 18/06/2006
www.Dricadidi.Zip.net. Acessado em 21/06/2006

 

Revista Eletrônica Minhoca da Terra #2
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