Cultura em Macaé é possível?
É possível.
Marcelus Siqueira
Bacharelando em Comunicação Social
Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora
Resumo
O presente artigo trata da questão cultural
em Macaé e das suas relações com a subjetividade
dos agentes envolvidos na sua produção e usufruto.
Palavras-chave: Cultura, Macaé,política
cultural.
Abstract
The present article deals with to the cultural question
in Macaé and its relations with the subjectivity of the involved
agent in its production and fruition.
Key Words: Culture, Macaé,
cultural politic.
Em nosso cotidiano, aprendemos a conviver com situações
diversas, nas quais, afirmamos, negamos, aceitamos ou discordamos de coisas,
pessoas, acontecimentos. Dessa forma acreditamos, quase sempre, que podemos
opinar, sugerir, cobrar atitudes, comportamentos e soluções
mais adequadas (numa ótica pessoal) para as realidades do nosso
dia a dia. Como conseqüência, atraímos ou afastamos
pessoas. Comportamento normal para quem vive em sociedade.
Com isso, acredito que a realidade existe fora de
mim. Posso percebê-la e conhecê-la tal como ela é ou
como aparenta ser. Aceitá-la, rejeitá-la ou simplesmente
tentar compreendê-la é uma tarefa difícil.
Saber diferenciar realidade de ilusão, quando
por exemplo afirmamos " a cidade ficou melhor quando ... " ou
que “a forma como foi projetada a obra não atenderá
as necessidades”, contém essas mesmas crenças e mais
uma: a de que sabemos diferenciar razão da loucura. E maluca é
a pessoa que inventa uma realidade existente só para ela ou para
um grupo, por exemplo: está no momento usufruindo de mordomias,
que é gerada pela máquina pública sem importar-se
com suas conseqüências. Assim, ao acreditar que sei distinguir
razão de loucura, acredito também que a razão se
refere a uma realidade que é a mesma para todos, ainda que não
gostemos das mesmas coisas. Isto é democracia.
Quando avaliamos que “a cidade ficou melhor
quando ...” ou que ela é a mais crescente nas áreas
de educação, saúde, transporte, comércio,
que a cultura é valorizada, acreditamos que as coisas, as pessoas,
as situações, os fatos, os valores sociais podem ser comparados
e avaliados, julgados pela qualidade (bonito, feio, bom, ruim) ou pela
quantidade (mais, menos, maior, menor). Julgamos, assim, que a qualidade
e a quantidade existem, que podemos conhecê-las e usá-las
em nossas vidas.
O que me assusta é que quando alguém quer defender muito
intensamente um ponto de vista, uma preferência, uma opinião,
um partido, até brigando por isso ou quando sente um grande afeto
por outra pessoa, tendo por detrás um forte poder de comunicação
para anunciar suas idéias, esse alguém "perde"
a objetividade, ficando "muito subjetivo".
Com isso, acredito que a objetividade é uma
atitude imparcial que alcança as coisas tais como são verdadeiramente,
enquanto a subjetividade é uma atitude parcial, pessoal, ditada
por sentimentos variados (amor, ódio, medo, desejo, interesse).
Assim, não só acredito que a objetividade e a subjetividade
existem, como ainda acredito que são diferentes e que a primeira
não deforma a realidade, enquanto a segunda, voluntária
ou involuntariamente, a deforma.
Achando óbvio que todos os seres humanos seguem
regras e normas de conduta, todos possuem valores morais, religiosos,
políticos, artísticos; vivem na companhia de seus semelhantes
e procuram distanciar-se dos diferentes dos quais discordam e com os quais
entram em conflito; acredito que somos seres sociais, morais e racionais,
pois regras, normas, valores, finalidades só podem ser estabelecidos
por seres conscientes e dotados de raciocínio.
Como se pode notar, nossa vida cotidiana é
toda feita de crenças silenciosas, da aceitação tácita
de evidências que nunca questionamos porque nos parecem naturais,
óbvias. Cremos no espaço, no tempo, na realidade, na qualidade,
na quantidade, na verdade, na diferença entre realidade e sonho
ou loucura, entre verdade e mentira; cremos também na objetividade
e na diferença entre ela e a subjetividade; cremos na existência
da vontade, da liberdade, do bem e do mal, da moral e da sociedade.
Acredito acima de qualquer dúvida na valorização
da cultura em nosso município, desde que seja uma cultura apartidária
e facilitadora, e que tenha como objetivo compreender o passado, entender
o presente e projetar o futuro.
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